Muitas pessoas atribuem o desinteresse dos torcedores - povo brasileiro - pela seleção a modernidade, a modernidade de fato trouxe profundas mudanças nas mentalidades gerais - dos treinadores e jogadores que passaram a ser profissionais - e nas estruturas econômicas do esporte, restando ao torcedor o amor e as mentalidades tradicionais - o amadorismo - .
A nova perspectiva do futebol, inaugurada nos anos 90, alterou profundamente as relações econômicas-de-trabalho nos clubes Brasileiros, de um ''campeonato estelar'' repleto de grandes jogadores, passamos a condição de mero exportador de mão-de-obra para os inflacionados - e consequentemente irreais - mercados europeus. Dentro dessa esquemática os torcedores - clubistas - não se viam ''representados'', pois, a seleção estava repleta de ''estrangeiros'' - como se costuma dizer - que não tinham nenhuma ligação com o universo futebolístico nacional, ou seja, viam o craque do Barcelona, do Real Madrid e não mais os craques do Santos, do Flamengo, do Botafogo e etc ... A partir do fim da primeira década do séc XXI, essa dinâmica econômica tem-se alterado, a crise nos mercados europeus e a ascensão econômica dos chamados países emergentes - BRIC, do qual o Brasil faz parte - sinaliza para uma futura mudança da ordem econômica. Seguindo esse movimento as relações econômico-futebolísticas entre Brasil e Europa tem-se modificado, gerando fenômenos como o ''repatriamento'' de grandes jogadores - como; Ronaldo, Rivaldo, Deco e Luís Fabiano- e a manutenção de jovens craques - como; Neymar, Ganso e Lucas - .
Essas mudanças, fizeram com que a composição da seleção se alterasse, hoje temos um seleção mista, composta por ''estrangeiros'' e jogadores que atuam no Brasil. - Mas, porque então o interesse dos brasileiros pela seleção tem diminuído ? A resposta é bem simples: o desencanto geral com a seleção não se deve somente como no passado a europeização da seleção -afinal, vimos como essa estrutura vem mudando -, mas, com o descontentamento dos brasileiros com seus dirigentes e com a classe política do esporte em geral. Os torcedores estão tomando consciência de que o futebol é um grande negócio - uma indústria como outra qualquer - e que é dominado por empresas privadas, ou seja, o futebol como qualquer outra coisa no modelo civilizatório capitalista é um produto, os torcedores não se vêem mais como loucos apaixonados herdeiros de uma tradição, mas, como consumidores racionais e nada românticos e nesse processo a seleção perdeu o véu encantado de símbolo nacional - afinal a CBF usa símbolos nacionais diversos, como: o nome Brasil, o hino e a bandeira nacional - e hoje é vista apenas como um balcão de negócios, explorado por grupos empresariais, ou seja, a Seleção e o futebol brasileiro são apenas produtos de uma empresa privada, chamada CBF.
É o Brasil Privatizado, você acha que o futebol ia ficar de fora dessa???
ResponderExcluirA copa de 2014 já está sendo um assalto a coisa pública !
ResponderExcluirDisse simplesmente TUDO !!
ResponderExcluirO texto é seu ???
Se for, parabéns !!!
Concordo com praticamente tudo. Só faço uma ressalva, pois ainda não tivemos tempo para descobrir se o fenômeno dos jogadores "repatriados" surtirá efeito ou não.
ResponderExcluirVi, nos jogos diante da Argentina, muitas pessoas felizes com os atletas "cariocas" no time. A torcida do Bota, por exemplo, muito eufórica com a atuação do Cortês.
Acho, sim, possível que esse orgulho retorne aos poucos, desde que sejam impedidos os desmandos que nos impõem Hulks, Afonsos e Donis goela abaixo.
p.s. Por que você não citou o Ronaldinho Gaúcho dentre os craques repatriados?!?...rsrs
Lembre-se, um bom historiador tem que ser isento...rsrsrs
Paulo um historiador só pode ser isento, afinal, ele ganha muito pouco, rsss ! Com calma eu faço a ''trépica'' !
ResponderExcluirPaulo, o jogo contra a Argentina - aliás, se aquilo é argentina eu sou canadense - foi tão sem graça e esvaziado, que não serve como parâmetro. Você tem razão em relação as alvinegros, mas, no fundo o botafogo sempre foi uma força conservadora, na década de 1930 iniciou-se no Brasil o movimento ''profissionalista'', o Botafogo manteve-se ao lado da CBD pela continuedade do amadorismo, na década de trinta o Botafogo foi base da seleção por conta disso, porque era o único alinhado politicamente com a CBD. E hoje os Botafoguense não mudaram muito, é comum vê-los falando ''somos o clubes que mais cedeu jogadores a seleção em copas'', afinal, esse é o único motivo de orgulho dele. No geral vi torcedores -na copa américa e contra a Argentina - putos por perderem seus craques p/ a CBF.
ResponderExcluirOBS* VOCÊ TEM RAZÃO SOBRE ESSE MOMENTO DE DESENCANTO SER COISA PASSAGEIRA, AFINAL, O FUTEBOL AINDA É UM IMPERATIVO DA NOSSA CULTURA, QUESTÃO DE IDENTIDADE NACIONAL.
Parabéns pelo seu texto, primo.
ResponderExcluirNovamente, bem informativo e brilhante, aliado ao seu ponto de vista crítico que não tenho palavras.
As pessoas precisam ler isso, para entender como o mundo realmente funciona. Tudo que funciona tem que dar um lucro a alguem, e o futebol faz parte disso.
''...Tudo que funciona tem que dar um lucro a alguem, e o futebol faz parte disso...''
ResponderExcluir-Carlos Von
Falou tudo primo. O capitalismo transformou a dinâmica base da vida - vida e morte - em LUCRO E FALÊNCIA.